
O termo “Massa de manobra” foi definido pelo sociólogo Pierre Bourdieu para descrever o comportamento de pessoas cujos grupos sociais controlados por forças políticas e/ou ideológicas que se utilizam das estratégias do poder financeiro, do discurso e da influência para conseguir alcançar seus objetivos. As artimanhas vão desde vantagens financeiras, o uso da cultura à utilização massiva dos meios de comunicação.

Os grupos mais fáceis de serem manipulados são de pessoas de baixa escolaridade, a maioria vive do assistencialismo do Estado, não acompanha política, quais são os reais interesses do candidato e se trazem projetos viáveis para a população. Geralmente elas têm uma visão deturpada do que é a vida em sociedade, apoiam em troca de favores momentâneos como: uma conta de luz paga; dinheiro em troca do voto; um botijão de gás; e pior, apoiam e fazem manifestações em troca de míseros vintém e pão com mortadela. Se tiverem alguma sorte, podem encontrar alguém realmente interessado em lhes dar ajuda além de uma ditadura assistencialista, sem mantê-los no “cabresto”, termo usado para classificar eleitores presos eternamente a uma política ou político. (Clique na palavra em azul para compreender o termo “voto de cabresto”)

A segunda parte dos grupos de pessoas são direcionadas pela emoção e pelos discursos fáceis de pautas universais, atraídas pelo sorriso fácil e promessas vazias. Muitos políticos conhecem bem essa estratégia, utilizam-na pois é uma forma de conectar os discursos aos sentimentos do povo. Podemos citar aqui algumas das frases bem famosas “O povo merece ter uma atendimento de qualidade na saúde pública”, “Precisamos fortalecer o comércio local”, “Trazer melhorias para a cidade”, “As crianças merecem educação de qualidade”, “Vou lutar pelo pobre”, “Luto pela igualdade”, “Defendo a picanha na mesa”. Esses discursos trazem informações de problemas que todos já sabem, na maioria das vezes sem ter um projeto técnico, embasado em dados e estatísticas para solucionar tais problemas. É somente a estratégia para conquistar votos, nada mais.
A terceira parte dos grupos de pessoas dividem-se em intelectuais, imprensa e peões de grupos identitários no front de batalha. Os intelectuais são propagadores de ideologia através de uma infinidade de conteúdos, manipulam os peões do front que geralmente fazem parte de grandes manifestações, vãos às ruas, partem para a violência, invasões de propriedade, depredação de bens públicos e privados. Têm uma visão deturpada sobre princípios e habituam-se a cometerem crimes em nome de uma suposta justiça, como o MST.
Não dá para falar com exatidão, mas muitos políticos que adotam esse sistema de linguagem e cooptação de votos, contam com a inocência, talvez ignorância e/ou a falta de ética dos possíveis leitores. Infelizmente boa parte do eleitorado quer ter essa vantagem pessoal em detrimento da sociedade, mal sabem eles o quanto são nocivas estas ações. Quando aspirantes são eleitos através dessa perspectiva, não se pode criar muitas expectativas do ponto de vista ético, ou de um trabalho honesto em prol do povo, porque o caminho inicial para chegar lá já começou fora do trilho. Simbolicamente é um contrato de quatro anos que o eleitor dá para seu representante em troca de vantagem pífia, a qual destrói de forma antecipada, qualquer chance de um representante honesto fazer algo de fato pelo seu eleitor.
São lotação de cargos, secretários que não rendem, obras superfaturadas, governos e prefeituras endividadas, licitações fraudulentas e superfaturadas, investimento de produtos e serviços de qualidade que nunca chegam ao povo. Saúde ruim, hospitais precários, muito dinheiro gasto sem compromisso fazem parte daquele pacote de políticos, os quais foram eleitos nessa esteira desvirtuada da estratégia política. E não adianta cruzar os braços e dizer o quanto a política é suja “Não vai mudar, que se dane tudo isso, preciso fazer o meu e beleza, que se dane o resto”. Há política até na colherada de arroz do almoço, se há um imposto maior ou menor embutido no preço desse alimento, muito foi da política interna aplicada à economia.

A mudança para esse quadro começa por dentro, começa pela necessidade ética e moral dentro de cada cidadão, o dever para com a comunidade em que vive, em vez de pensar somente em si mesmo, no imediatismo barato e egoísta, nas vantagens obtidas nas sombras, nos bastidores, nas trocas de favores. Envolver-se mais com as causas da comunidade, da cidade à promoção da ética como um bloqueador natural que traz economia para os munícipes, aos cofres públicos, previne as ações inescrupulosas que esvaziam os cofres públicos.
A política não é suja, sujos são alguns que ingressam nela, pois não há espaço vazio, se os bons não ocupam, os maus ocupam, deterioram os bens e serviços públicos e ainda criam leis para controlar o povo e se perpetuarem no poder.