O argumento para proibir a posse e porte de armas pelo cidadão de bem sempre teve como premissa o aumento da violência, vários jornais e revistas trazem especialistas para mostrar fatos verídicos, dados isolados, estatísticas subjetivas do ponto de vista ideológico, o perigo da liberação de armas, mas no fundo a realidade mostra exatamente o contrário.
A Revista Galileu do Globo em 22 de maio de 2022 traz a seguinte título “Como o aumento de armas pode agravar a violência (e ameaçar a democracia)”. O corpo da matéria menciona o caso de Vitor Furtado Lopes, de 35 anos, acusado de vender para o Comando Vermelho, vinte e seis fuzis, três carabinas, 21 pistolas, dois revólveres, uma espingarda e um rifle. Segundo a matéria, Vitor tem registro CAC (Caçador, Atirador e Colecionador) e valia-se da licença de colecionador para comprar armas e munição legalmente e depois vendê-las.
Para piorar a situação do contexto da matéria, o autor traz dados corretos para alimentar uma narrativa que não condiz com a realidade. A arte de mentir com dados verdadeiros para manipular a opinião pública, não é uma estratégia atual, foi amplamente usada pelo comunista Stalin, enquanto ditador sanguinário da antiga União Soviética.
O livro “Desinformação” traz o relato de um ex agente de espionagem comunista Pacepa, Tentente-Coronel na época em que atuou pelo regime. No livro ele relata como agia a imprensa cooptada financeira e ideologicamente a serviço do regime comunista, para embasar argumentos contra opositores, contra a população ou contra quem se opunha ao regime. Especialistas cooptados eram chamados para darem opiniões, criarem documentos, estatísticas, artigos sob encomenda com ar de veracidade profissional, manipular a opinião pública para terem caminho aberto para cassarem/caçarem os desafetos. Os documentos eram tão bem orquestrados e cheios de números, dados, descrições e narrativas que até os mais ferrenhos opositores contra o regime não conseguiam contestar, sem serem chamados de nazistas.
A estratégia de manipular a opinião pública mantém-se firme e inabalável até hoje, muitas vezes com o dinheiro estatal, como o brasileiro atém-se somente ao título e não costuma ler o corpo das matérias (lugar onde o jornal de forma astuta deixa a verdade para o último parágrafo ou entra em contradição), fica fácil deturpar a realidade. No caso da Revista Galileu, o autor entra em contradição no corpo da matéria ao trazer as estatísticas sobre violência por armas de fogo. Ocorreu o plebiscito pelo desarmamento em 2003, mas o povo decidiu pelo armamento com uma votação expressiva de 63% a favor do comércio de armas, mas tempos depois Lula sanciona o Estatuto do Desarmamento.
A matéria ainda faz um projeção estatística de uma possível tragédia, caso as armas tivessem sido liberadas desde 2003 a 2017, teriam ocorridas 197 mil mortes, uma média de 14 mil por ano. Um dado alarmante, irreal e fora totalmente da realidade, já que anos anteriores ao Estatuto do Desarmamento, o índice de violência era ainda menor. Após Estatuto o índice de violência saiu de 37.113 em 2004 para 64 mil assassinato em 2017. Pode-se atentar também para a violência pós intervenção militar, em 1980 o número de assassinatos foi de 17.2, pulando para 40,1 homicídios por 100 mil habitantes no ano de 1995. As mortes nas capitais chegaram a 123% e no interior 55,9% de crescimento.
Quando houve uma mudança de tratamento contra o crime a partir de 2018, a ascensão do governo de Direita ao posto mais alto do país e a facilitação de acesso legal às armas de fogo, pela primeira vez fez cair o índice de assassinatos no pais para 57.956 homicídios. Em 2019 este número ficou ainda menor 45.503; chegando ao menor patamar em 2020, 43.892 assassinatos, provas reais de que um povo armado, reduz o índice de crimes. Podemos fazer também uma relação com o nosso vizinho Paraguai, o acesso legal à compra de armas de fogo no pais é facilitado através da apresentação do CPF. Em 2020, a taxa por 100 mil habitantes ficou em 7,27. Seguem essa média também os Estados Unidos cuja facilitação legal para posse de armas de fogo, mostra um efeito positivo na redução de assassinatos em relação ao Brasil. No setor do campo rural, a invasão à mão armada no campo sofreu queda histórica na era Bolsonaro com a política de incentivo às armas.
Mas voltemos ao caso Vitor Furtado, acusado de vender armas para o Comando Vermelho. A revista ainda faz uma acusação grave, generalizando todos aqueles que compram armas legalmente, de estarem alimentando o tráfico, negligenciando as estatísticas que mostram a redução de mortes por armas de fogo, após a facilitação de armas em todo território nacional e a quantidade adquirida em todo o pais pelo cidadão de bem “Armas e munições compradas legalmente por cidadãos estão abastecendo facções do tráfico”. Na mesma matéria, a revista trouxe as estatísticas da aquisição de armas através das CACs “Um levantamento dos institutos Sou da Paz e Igarapé revela que o total de armas de fogo em poder dos CACs bateu na casa de 1 milhão — 1.085.888, para ser mais exato. Em 2018, não passava de 255,4 mil”.
A imprensa ideológica apropriou-se de um caso isolado para generalizar e polemizar a pauta de acesso às armas de fogo. Segundo a acusação, Vitor havia transferido 51 armas para o tráfico, quando relacionamos ao montante adquirido por todo o país, chegamos à porcentagem de 0,00005%. O número tão absurdamente pequeno ao fato de que relacionado à facilitação de acesso às armas e à redução de 67 mil mortes em 2017 para 43.892 em 2020, alcança-se uma queda substancial à preservação da vida de 23.108 pessoas. Em 2022 não foi diferente, o Brasil registra o menor número de assassinatos em 15 anos. Outros grupos puderam observar uma redução na taxa de violência, grupo LGBTQIA+, segundo o UOL, de 6%. Segundo o site do próprio governo feminícidio também registrou queda acentuada em 2022: “Fevereiro deste ano foi um mês de redução de todos os tipos de violência contra a mulher, incluindo os feminicídios, Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), estupros e agressões domésticas. De todos os tipos, os assassinatos motivados pela condição de gênero da mulher tiveram a queda mais expressiva: 72,7% no segundo mês do ano (3 vítimas mês passado, contra 11 em fevereiro de 2021) e 57,1% no acumulado do 1º bimestre (de 21, ano passado, para 9 este ano).”
Infelizmente em 2023, esse trabalho para reduzir a violência no país, foi descontinuado. A postura do governo atual no que toca a segurança pública, está aquém das promessas em campanha, a violência aumentou em todos os setores e é sentida pela população: São Paulo vê o aumento do feminicídio para 33,7% no primeiro semestre de 2023. Os números de estupros também crescem, mas segundo Brasil de fato, é por falta de investimentos nos anos anteriores, negligenciando a realidade de um governo leniente com criminosos. As invasões de terras cresceram exponencialmente também. E essa leniência aliada à sensação de impunidade são fatores que levam os criminosos a praticarem todos tipos de crimes. Bastar lembrar que há pouco tempo a Dama do Tráfico esteve no Congresso por mais de uma vez, participou de palestras com tudo pago pelo governo federal.